quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Bisteca e o Gato das Rosas


















Bisteca era um cachorro diferente
Tinha um latido fininho
Mas ele era bem grande.

Se precisava latir
Logo na garganta vinha um nó,
Os outros cachorrinhos riam dele
Aí ele fica triste de dar dó.

Bisteca tão bonito
Com seu pelo negro e brilhante
Chorava escondidinho
Enfiado embaixo do tanque.

A gata do vizinho
Que não era boba nem nada
Ouvindo aqueles soluços
Já sabia do que se tratava.

Deixa disso, Bisteca!
Tem nada que ficar chateado,
Cada um é como é
E não tem nada de errado.

Ele levantou um pouco a cabeça
Mas não se sentia consolado
Porque logo ele, perguntou,
Tinha que latir engraçado?

Ora, não é engraçado
Só é diferente...
O latido muda
O que um cão é por dentro?

Estou dizendo Bisteca...
Você é cão e isso, ninguém nega,
Se latir fino ou latir grosso
O que importa?

É fácil você falar.
Toda branquinha,
Fofinha e dengosa,
Quem ri de você, assim
Toda prosa...

Ah, tenho lá minhas coisas...
Já viu um gato cheirando a rosas?
Pois é, sou eu
E antes, todos riam.

E porque cheira a rosas?
Uma longa história
E isso, não vem ao caso.
O fato que cheiro a rosas e pronto.
Também sou diferente.
Mas não sofro!

Então, saia já daí
E  vá ser cachorro!
Chega de choradeira,
Que tá quase na hora do almoço...

Bisteca saiu e foi pro quintal
Já não estava tão mal,
E até arriscou uns latidos.
Mas não apareceu ninguém.

Ouviu, vindo de longe uns gemidos
E cheio de coragem foi procurar
Viu enroscados nas roseiras
Os que viviam a lhe zombar.

Ajuda-nos, Bisteca!
Venha nos salvar...
Tantos espinhos nos impedem
Até de respirar!

Com todo aquele tamanho
Bisteca pulava pra lá e prá cá
Latia, latia e puxava os galhos
Querendo ajudar.

Soltou todos eles,
Mas mal conseguiam andar.
Seu dono que ouviu os latidos
Encontrou-os e tratou logo de cuidar
Dos cãezinhos de latido grosso
Que não conseguiam das roseiras se livrar.

Bisteca era um herói,
Não por tê-los salvado
Mas por não esquecer quem era
E ter-lhes ajudado.

Os outros cachorros
Entenderam afinal
Que não há mal em ser diferente,
O mal que tem,
Está no olhar da gente.

A gata, toda sorridente
Bebia seu leite bem tranquila.

Um outro dia,
sai para passear de novo
Lá, entre  as roseiras...